O fóssil, semelhante a um lagarto, foi nomeado Cornualbus primus devido à projeção no crânio que lembra cornos e por ser o primeiro da superfamília procolofonoide encontrado na formação geológica de Santa Maria. Segundo as investigações, o animal tinha o tamanho de um palmo e apresentava características anatômicas que sugerem que ele vivia em tocas e era capaz de escavar.
O fóssil foi descoberto em 2017 pelo professor Leopoldo Witeck Neto, iniciando um processo de investigação que resultou na tese de doutorado do pesquisador Eduardo Silva Neves. A pesquisa comparou o material com pararrépteis de outras partes do mundo, comprovando a nova espécie.
— Nós nos certificamos de que se tratava de um procolofonoide e, mais importante, descobrimos que havia animais mais antigos, do início do Triássico, e mais jovens, do final do Triássico. Mas faltava preencher o período intermediário. Este fóssil é importante porque completa essa lacuna no conhecimento — explica o professor e orientador Átila da Rosa.
Durante o período Triássico, os continentes ainda formavam o supercontinente Pangeia. Este período é o primeiro da Era Mesozoica, quando o ecossistema estava se recuperando de uma extinção massiva e marcava o surgimento dos primeiros dinossauros.
Para identificar o animal, foi necessário realizar uma descrição anatômica detalhada, diferenciando-o em grupos menores até chegar a uma análise filogenética precisa. Novos fósseis e um sítio arqueológico também foram descobertos na Região Central após as enchentes de maio, resultado da erosão das rochas pelos rios Jacuí e Ibicuí, segundo o professor.
O que são pararrépteis Pararrépteis foram organismos que seguiram uma linha evolutiva paralela aos répteis – tanto os extintos, como dinossauros, quanto os atuais, como lagartos.
No centro do Rio Grande do Sul, já foram encontrados pararrépteis que viveram antes e depois do surgimento dos dinossauros, em diferentes formações geológicas.
Na Sanga do Cabral, foram localizadas as espécies Procolophon trigoniceps e Oryporan insolitus, com cerca de 250 milhões de anos. Na formação de Santa Maria, foi registrada a Candelaria barbouri, que viveu entre 240 e 230 milhões de anos. Já na formação Caturrita, foi encontrada a Soturnia caliodon, em Faxinal do Soturno.
Fonte: GZH